A discussão sobre a regulamentação das plataformas de jogos online no Brasil durou muitos anos, mas, apesar de mais definida agora, ainda tem muitas questões, especialmente quando o assunto envolve métodos de pagamento. Recentemente, o governo autorizou apenas o PIX como forma de depósito e saque em sites de apostas.
Algumas plataformas já adotavam o Pix como único método de pagamento, mas a maioria tinha uma extensa lista de opções, que incluia cartão de crédito, carteiras eletrônicos e até criptomoedas. A nova regra trouxe prejuízos para muitas empresas, como aquelas que eram focadas em jogos de criptomoedas, mas levantou outras questões.
O Pix, lançado oficialmente em novembro de 2020, rapidamente se tornou um dos principais meios de pagamento instantâneos no Brasil. Sua principal vantagem está na possibilidade de efetuar transferências em qualquer dia e horário, sem a necessidade de aguardar prazos bancários.
Segundo dados divulgados pelo Banco Central do Brasil, em março de 2023 o Pix já havia ultraado a marca de 2 bilhões de transações mensais, se tornando um fenômeno financeiro no país. Boa parte desse sucesso se deve à simplicidade de uso. Com a chave Pix (seja F, e-mail, número de telefone ou a própria chave aleatória), os usuários conseguem enviar ou receber dinheiro em questão de segundos.
A agilidade conquistou também o comércio eletrônico e, consequentemente, as plataformas de entretenimento digital, incluindo aí jogos de aposta e cassinos online como o PokerScout. A popularização do Pix também encontrou eco no aumento da preocupação com a segurança.
Muitos bancos e fintechs que operam no Brasil têm investido em tecnologias antifraude para proteger as operações. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos, as instituições financeiras planejam investir cerca de R$ 47,4 bilhões em tecnologia em 2024, com a segurança cibernética sendo uma das principais prioridades.
A ideia de que o Pix oferece uma camada extra de confiabilidade ajuda a explicar por que legisladores e autoridades podem enxergar na ferramenta um caminho de monitoramento mais eficiente para transações em sites de jogos. Por meio de um único sistema, haveria rastreamento mais claro das movimentações financeiras, dificultando atividades ilícitas e sonegação de impostos.
O setor de jogos online no Brasil foi regulado recentemente. Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio confirma o crescimento do comércio virtual em diversos segmentos, incluindo o de entretenimento digital, onde se encaixam os cassinos e as plataformas de apostas. O país superou a marca de 600 mil sites de e-commerce, com um faturamento de R$ 44,4 bilhões.
Com a exclusividade do Pix, o efeito em cascata sobre a experiência do jogador é esperado. Primeiramente, a praticidade de não precisar ficar esperando confirmação de pagamento ou saque poderá agradar uma grande parte do público. Basta inserir a chave Pix e a transação é realizada em poucos segundos, simplificando todo o processo.
Por outro lado, quem está habituado a utilizar cartões de crédito ou carteiras digitais, muitas vezes para reunir pontos em programas de fidelidade ou simplificar a contabilidade pessoal, poderá sentir falta dessas formas de pagamento tradicionais. A restrição a um único método acarreta menos flexibilidade para o consumidor, ainda que, em contrapartida, ofereça controle mais unificado por parte dos órgãos reguladores.
Existe também a possibilidade de que a adoção do Pix como única forma de pagamento sirva como teste inicial. Uma espécie de “fase piloto” em que o governo avalia a eficácia de um monitoramento mais centralizado dos valores que circulam no mercado de apostas e, a partir dos resultados, possa aplicar regras semelhantes a outros segmentos financeiros.
Operadoras que pretendem atuar dentro do ambiente ao Pix vão precisar ajustar suas ferramentas de pagamento, e ao cliente e até mesmo as estratégias de marketing para enfatizar a velocidade e a segurança das transações. O processo de integração, em muitos casos, não é complexo, pois grande parte dos gateways de pagamento que atendem cassinos e apostas já oferecem Pix como opção.
A maneira de jogar e depositar também deve sofrer alteração no que diz respeito às rotinas de cada apostador. Um usuário que frequentemente divide seus gastos em dois cartões de crédito diferentes ou preferia usar boletos bancários para controlar o orçamento, agora, a única saída seria transferir via Pix e acompanhar os gastos exclusivamente por esse método.
Isso pode representar um fator de comodidade para quem já aprecia a instantaneidade do sistema, mas também um obstáculo para quem prefere métodos mais tradicionais, parcelamentos ou não estão familiarizados com a tecnologia.
