O ex-vereador Rogério Jean da Silva (Cabo Jean) nega as acusações de ter proferido uma fala racista durante uma sessão da Câmara Municipal de São Roque e alega que está sendo vítima de perseguição política.
“Minha fala foi tirada do contexto. Estou sofrendo perseguição política do vereador Paulo Juventude e do Guilherme Nunes, porque fui contra o 13º salário deles, contra o recebimento de um terço de férias e contra a participação em sessões extraordinárias fora da Câmara. O trabalho do vereador é sério e deve ser feito presencialmente, fiscalizando, algo que eles parecem não fazer. Estão editando e distorcendo minha fala para me prejudicar”, afirma Cabo Jean.
O ex-vereador esclarece que sua declaração foi direcionada ao vereador Guilherme Nunes, referindo-se à sua suposta falta de compromisso.
“No contexto, fica clara a ausência de intenção de ofender quem quer que seja. Minha fala foi no sentido de dizer que ele não tem responsabilidade com nada, que não consegue cuidar nem da própria vida, quanto mais ser vereador. Não sou racista. Minhas palavras devem ser analisadas no contexto e não da forma que estão fazendo”, completou.
Apesar da defesa, a Câmara Municipal de São Roque aprovou, por 9 votos favoráveis e 4 contrários, a abertura de um processo de investigação contra Cabo Jean. A denúncia foi protocolada no Legislativo em 13 de dezembro de 2024, apontando que, durante uma discussão na Sessão Ordinária de 10 de dezembro, o ex-vereador utilizou a expressão “Você manda talvez na sua casa, com as suas negas”.
Os autores da denúncia, Vivian Delfino Motta, Rodrigo Umbelino da Silva e o vereador Paulo Juventude, argumentam que a expressão reforça violência simbólica contra mulheres negras, perpetuando estereótipos racistas e machistas. A denúncia destaca que a frase remete ao período da escravidão e sugere a desumanização das mulheres negras.
A Comissão Processante da investigação será composta pelos vereadores William Albuquerque (presidente), Rafael Tanzi (relator) e Wanderlei da Qualiser (membro). O processo seguirá os trâmites previstos no Decreto-Lei n.º 201/1967, e Cabo Jean terá dez dias para apresentar sua defesa. Caso a denúncia seja aceita, o julgamento poderá durar até 90 dias, podendo resultar na cassação do mandato.
A investigação segue em andamento e a Câmara promete total transparência na apuração dos fatos.
