A problemática dos resíduos de saneamento e a opinião de especialista sobre o tema
Engenheiro ambiental Renan Felicio dos Reis ressalta a importância de investir em estudos e tecnologias para aprimorar o tratamento e manejo de resíduos de saneamento
29/10/2024 16h55 - Atualizado em 29/10/2024 às 16h55
Fotos: Divulgação
O engenheiro ambiental e pesquisador Renan Felicio dos Reis tem vasta experiência na área de resíduos de saneamento, especialmente no tratamento de lodo de Estações de Tratamento de Água (ETA) e de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). Com uma carreira focada em resíduos, ele defende que estes materiais, quando tratados corretamente, podem ser aproveitados e reinseridos em cadeias produtivas, contribuindo para a economia circular e para uma gestão ambiental mais eficaz. No entanto, ele enfatiza que, no Brasil, resíduo é muitas vezes confundido com rejeito, o que limita seu aproveitamento e contribui para o ivo ambiental.
Explica também que o saneamento é composto por quatro serviços básicos: abastecimento de água, esgoto, resíduos sólidos e águas pluviais (Lei 11.445/2007). Esses sistemas interligados são essenciais para a qualidade de vida e a gestão ambiental. Os resíduos de saneamento, derivados desses sistemas ou serviços, podem ser aproveitados, e a pesquisa nessa área tem o potencial de reduzir impactos ambientais.
O pesquisador tem sólida formação acadêmica e experiência internacional. Ele conduziu estudos de mestrado em lodo de ETA e obteve avanços significativos no doutorado em tecnologias de tratamento de lodo de ETE, realizando experimentos na Europa. Atualmente, está em pós-doutorado na University of South Florida (USF), onde continua suas pesquisas em tratamento de lodo de ETE, especialmente na técnica de biossecagem, um processo biológico que reduz a umidade e aumenta o potencial de queima do lodo, possibilitando a geração de energia.
Renan critica as soluções convencionais no Brasil, como a centrifugação de lodo de ETE/ETA seguida de destinação para aterros, que além de ilegal (Lei 12.305/2010), mantém altos níveis de umidade e transfere problemas para os aterros sanitários, que sofrem com o aumento de chorume. Ele defende métodos mais eficientes para tratar e reaproveitar o lodo, considerando alternativas como aplicação no solo, uso em materiais de construção e geração de energia. No entanto, alerta que essas práticas devem ser cuidadosamente controladas devido a possíveis riscos ambientais, como contaminação do solo, por exemplo.
O engenheiro ressalta a importância de investir em estudos e tecnologias para aprimorar o tratamento e manejo de resíduos de saneamento, área que, segundo ele, oferece oportunidades para empreendedores e investidores. Além de sua formação em engenharia ambiental e segurança do trabalho, Renan é professor no Instituto Federal de São Paulo (IFSP) – Campus São Roque desde 2014 e tem contribuído com publicações nacionais e internacionais sobre o tema.
Ele acredita que a engenharia ambiental tem papel fundamental para a evolução na área de resíduos e que esse desenvolvimento será essencial para tornar a gestão de saneamento mais sustentável, o que reflete diretamente na qualidade de vida.
