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Recentemente, realizei uma enquete nos stories do meu Instagram, pedindo aos seguidores que escolhessem o tema da minha próxima coluna no Jornal da Economia. Entre três opções, o assunto mais votado foi minha experiência na gestão da EMEF Tetsu Chinone. Essa escolha me emocionou, pois demonstra o interesse da comunidade em entender os desafios e aprendizados que essa jornada proporcionou. É com imensa alegria que compartilho aqui um pouco dessa vivência transformadora.
Em janeiro de 2024, recebi a convocação para assumir o cargo de diretora escolar em São Roque. Esse convite surgiu enquanto eu me preparava para liderar a EMEF Jorge Amado, uma escola pela qual nutro grande carinho. Localizada no bairro onde minha mãe reside, essa unidade é também a sede do meu cargo como professora efetiva, onde construí laços profundos ao longo dos anos. A comunidade escolar da Jorge Amado sempre se destacou pela união entre os docentes, tornando ainda mais desafiadora a decisão de deixá-la.
A novidade chegou a mim por mensagens e parabenizações em grupos de WhatsApp de professores. Dividida entre permanecer na Jorge Amado ou aceitar o desafio em São Roque, optei por seguir minha essência: sou movida por desafios. Além disso, enxerguei a oportunidade de iniciar um trabalho com potencial de continuidade. Como já planejava me candidatar à vereadora em Araçariguama em 2024, considerei prudente deixar a Jorge Amado para alguém que pudesse dar sequência ao trabalho sem interrupções durante a campanha.
Assumir o novo cargo demandou uma organização intensa. A burocracia envolvida demonstrou o rigor da rede municipal. Durante as conversas preliminares, ouvi alertas: "Não pegue a Tetsu Chinone!" Isso despertou minha curiosidade. Na reunião de atribuição, ao ouvir do supervisor "É a escola que temos", meu coração já sabia: eu queria a Tetsu.
No dia 14 de fevereiro, fui calorosamente recebida pela equipe escolar. O acolhimento foi especial, e uma frase marcou aquele momento: "Só queremos que você seja democrática." Esse compromisso guiou minha gestão desde então.
Com mais de 700 alunos do 1º ao 9º ano, a escola está inserida em um bairro com forte vulnerabilidade social. Desde o início, os desafios se fizeram presentes. Um grande número de familiares procurou-me nos primeiros dias, desejando conhecer a nova diretora. Percebi ali a importância de estabelecer um vínculo com a comunidade. Criei canais de comunicação, como grupos de WhatsApp, para facilitar o diálogo com as famílias. Essa iniciativa trouxe resultados: maior participação nos eventos escolares e um engajamento mais ativo nas reuniões.
Outro desafio foi lidar com a indisciplina. Desde o início, mostrei que estava ali para enfrentar as dificuldades com dedicação. O apoio do Departamento de Educação foi fundamental. A dirigente Dircilene e a supervisora Regiane não apenas ouviram minhas necessidades, mas também me orientaram na elaboração de estratégias para melhorar a disciplina e o desempenho acadêmico. As formações promovidas pelo departamento ajudaram a equipe a implementar práticas pedagógicas mais eficazes e a construir um ambiente acolhedor.
Com o tempo, conquistei a confiança da comunidade escolar. Trabalhando em parceria com a vice-direção e a coordenação pedagógica, estreitei laços com os professores e alunos. Sou especialmente grata ao vice-diretor e à coordenadora pedagógica pelo apoio incansável e pela dedicação à escola. Juntos, formamos uma equipe coesa, comprometida com uma gestão democrática e eficiente, que fez toda a diferença para superar os desafios diários.
Fiz questão de equilibrar as demandas istrativas com minha presença nos projetos escolares, como capoeira, teatro e futsal, e nas apresentações de trabalhos em sala de aula. Esses momentos fortaleceram o vínculo entre gestão e comunidade. Não posso deixar de citar um projeto que destaca a inclusão, envolvendo assistidos da APAE em visita à Tetsu, coordenado pelo professor Paulo Pereira, um dos momentos mais mágicos na unidade.
A sala dos professores tornou-se um espaço de diálogo frequente. Estar lá, mesmo que apenas para dizer "Estou aqui com vocês", consolidou uma relação de confiança. Nem sempre é possível atender a todas as demandas, mas acredito que o diálogo constante é essencial para a construção de uma educação significativa.
Quando chegou o período de remoção, muitos me perguntaram: "Para qual escola você vai?" Minha resposta foi firme: "Eu fico na Tetsu Chinone." Durante uma reunião de diretores, ao verbalizar essa decisão, minha emoção transbordou. Um silêncio tomou conta da sala, seguido por calorosos aplausos dos colegas. Aquele momento simbolizou a conexão e o respeito que construí ao longo do caminho.
Meu compromisso com a Tetsu Chinone permanece firme. Em 2025, meu foco será buscar estratégias para melhorar o IDEB da unidade, reforçando o trabalho pedagógico e promovendo iniciativas que contribuam para o avanço no desempenho acadêmico dos alunos. Quero garantir que cada estudante tenha o a uma educação de qualidade, que amplie suas oportunidades e potencialize seus resultados.
Cada desafio enfrentado reforça minha convicção de que juntos podemos construir um futuro melhor para nossas crianças. Com alegria, esperança e determinação, sigo em frente, buscando uma gestão mais humana, colaborativa e conectada com a comunidade escolar.
Para encerrar, deixo a reflexão de Paulo Freire, que inspira minha jornada:
"Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante."
